domingo, 21 de julho de 2013

Plusnovo Toltchoque à Meritocracia

   Volto a escrever neste pequeno pedaço do cybermundo-imundo, hoje, para vos propor algumas problematizações, dodîno druguis. Dirigirei umas slovos de toltchoque que julgo pertinentes à meritocracia que tenho videado presente em meio aos nadsats e à esquerda em geral, assim como, se possível, a algumas posições nitidamente starres de meus próprios druguis com as quais me tenho chocado.

   Por estes dias, ("ó meus irmãos,") deparei-me com o discurso de uma devotchka que fez pular todo o meu desejo por ultraviolência. Esquezetava ela pretendendo que as líudes que se engajaram recentemente aos protestos e manifestações de um determinado grupo organizado tivessem menos direito a galoz que os mais starrezinhos, na ideia de que os últimos possuíam maior mérito. "Ora," messeiei eu com meus botões, "se te dás à meritocracia, querida drugui, sugiro que vás militar junto à direita" (esqueci por um momento - e peço perdão, hehe - que a direita não propriamente "milita"). Se "perdoáreis" o malenque porém voni ódio por trás de meu messel, pretendo dialogar com meu antigo texto sobre meritocracia¹ ("Culpa? Vish! Desculpa, Sociedade...") e também lho complementar, para construir uma discussão interessante e mais teen.
 
   Na base da praxis revolucionária que adotamos em nossas djisnes, meus queridos, está o descrédito à meritocracia burguesa. Ela trabalha como se houvesse uma essência "à parte" nos seres humanos (talvez a alma, dada aos mesmos pelo carneirinho)², dobóg ou dodrûs, intocável ao contexto, que define seu comportamento e sua "relação com o meio" (admite-se, nessa concepção, uma conveniente diferenciação entre o sujeito e o mundo). Assim, o ser humano é culpado ou digno de mérito a depender de seu comportamento, suas decisões, as que faz "apesar do meio". Ignora-se que o sujeito é processo deste mesmo meio, videando-se o primeiro como agente numa "interação" com o último e nunca como seu produto. Essa distância do ser humano de sua materialidade imagina-o, ainda, como um jogador, num jogo onde as regras são iguais para todos e todos têm as mesmas condições (afinal, esse não é o jogo do mundo material - o sujeito está plusdistante do mesmo!).
   Messeio ser videável que a adoção da exposta concepção de "psique" tende a reproduzir os messéis mais risíveis da direita conservadora. Falta, entretanto (e apenas geralmente), é aprofundamento suficiente para compreender a igualdade de premissas entre nossas afirmações exemplos (A e B), abaixo:

A) "a culpa é da classe média, que tem condições para compreender os problemas da sociedade mas nada faz" 

tem mesma concepção de "psique" (quanto à "relação com o meio") de

B) "a culpa é do pobre, que não quer economizar, trabalhar duro e 'ascender socialmente'".

   Tanto em A quanto em B verifica-se uma crença na existência de algo no sujeito alheio à "materialidade": tanto a classe média pode ter as condições necessárias para compreender os problemas sociais e, ainda assim, não compreender, quanto o pobre pode não ter condições para ascensão econômica e, ainda assim, ascender. Agora, meus queridos druguis, eu vos pergunto: se não é a condição "material" que determina tais fatos (ou mesmo todos os fatos), o que será?

Por certo, há de ser Aten, nossa dobóg e querida divindade.

   Cansado agora, ("ó meus irmãos,") recolho-me agora a espatar (que, pois é, ainda vôn espatei), e deixo a proposta crítica à acomodação de alguns de meus druguis para uma próxima oportunidade.
   Abraços calorosos e cheios de genitalidade, com muito amor a todos vós e esperando que tenhais matado a saudade ("que presunção!");
 
Romeu.

PS.: Possivelmente ainda corrigirei este texto, então perdoai-me, meus amados, se relêreis este texto diferente amanhã ou depois;

Notas:

1- Entendo que as conclusões feitas a respeito da culpa podem ser invertidas (trocando-se os resultados materiais moralmente indesejados, presentes na culpa, por resultados agradáveis à moral) e aplicadas também ao mérito;
2- O exemplo dos seres humanos é especialmente comum e infestado de afetos contraditórios, mas o mesmo aplica-se também a todos os frutos da cultura e/ou à própria, como um todo.

4 comentários:

  1. HI, what´s up?

    Gostei de seu texto Romeu, me ajudou em algumas reflexões que tinha sobre a questão de "culpa" e "mérito", e até na eliminação de conceitos inquisitivos que teimavam em residir em mim. Obrigado.

    Agora, infelizmente, a ideia meritocrática está muito presente na mente das pessoas, para tudo se atribuí méritos, é incrível... se eu respeito - cegamente, diga-se de passagem - as regras impostas pela sociedade, eu mereço dois bombons, se eu tenho um melhor salário que tu é porque eu dou mais lucro ao burguês, então eu mereço, se eu não acredito no carinha lá, eu mereço apanha de cinta porque eu sou herege e vou arder no inferno e outras abobrinhas mais.

    Mas na verdade quero lhe perguntar se: a atribuição de méritos pode ser vista como uma forma de dar motivos à desigualdade?

    Hugs...


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  2. Olá, querido... Por aqui tudo bem, à exceção (brincando com a velha hipérbole) de tudo o que tenho de mudar . E contigo, 'sup?
    Fico feliz por ter-te ajudado.(= Agradeço-te por comentar, por ler, etc.

    Concordo quanto à presença da meritocracia na sociedade, queridx.

    Respondendo à tua pergunta, devo dizer-te que, segundo o ponto de vista e a construção que tenho neste pequeno pedaço de cybermundo, SIM, a atribuição de méritos PODE ser vista como uma forma de legitimar a desigualdade!

    Por quê?

    Culpa e mérito estão ligados à questão do "merecimento"!
    Afasta-se o ser de sua materialidade para colocá-lo numa posição de "maldade" ou "bondade" ontológica...
    Na economia : Quem tem mais cortador "merece" ter mais cortador, quem tem menos, "merece" ter menos.
    Na religião : Às almas dodrûso é reservado o inferno, às dobógo, o paraíso.
    Na afetividade : quem encontra-se mais bem encapado (podemos falar comportamento e aparência) à moda capitalista burguesa "merece" mais amor.

    A ilusão da escolha etereamente livre (falo de uma escolha imaterialmente gerada) faz com que a posição dos nosso druguis moradores de rua, por exemplo, seja merecida caso eles "não queiram" submeter-se ao modo de produção capitalista. Ou seja, sempre que uma mudança de comportamento não aparece magicamente do indivíduo, sua posição de marginalização é vista como merecida.

    HUGZ! <3

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    1. Já que perguntou, dentro de uma análise pragmática, estou mais ou menos, mas hei de melhorar, visto que MEREÇO. Brincadeira- hauhasus.

      Agradeço por ter respondido, é sempre bom "ver" pensamentos semelhantes aos meus. =)

      See ya.

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  3. Eu que agradeço, queridx.

    <3 Abraços

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